A Tradição de Resistência em Moçambique

Este estudo procura documentar o legado da longa luta anti-colonial e analisar a mudança dos padrões de resistência. Dado que se tornava impossível trabalhar este complicado problema de forma significativa para todo o território e por um período de mais de quatrocentos anos, vimo-nos obrigados a limitar a zona de estudo numa perspectiva tanto espacial como temporal. Como foco geográfico deste estudo selecionamos a parte baixa do Vale do Zambeze, uma região que se estende do Oceano Índico ao Zumbo (...), fundamentalmente porque foi uma das poucas áreas em Moçambique na qual os portugueses mantiveram um longo e contínuo relacionamento com os habitantes locais. Embora o primeiro capítulo examine a natureza destas relações iniciais, a maior parte do estudo abrange o período de 1850 a 1921. Foi durante estes setenta anos que os políticos de Lisboa foram obrigados a impor o seu mito auto-perpetuado de que o Vale do Zambeze era parte integrante do seu império ultramarino há já vários séculos.

(Da Introdução)